quarta-feira, 10 de julho de 2013

Paradoxo

Há lugares onde é feio não ter um tênis bonito. 
Há lugares onde é bonito ter um tênis feio.
Há lugares onde muito importa o que temos. 
Há lugares onde muito importa o que somos.

Há lugares que somos o que temos e há lugares que temos o que somos. 

Na verdade eu não queria ter um tênis bonito. 

domingo, 9 de junho de 2013

Entre as paredes

Nossas cabeças pensantes, expansivas sob as alucinações oriundas da noite, com calma a vida passa, o olho vê, o ouvido escuta e a mente aguça. Tudo que está guardado sai para fora, o que está inerte vira trânsito, e eu transito e assim a vida passa, quando vê, já passou, passa por aqui e passa por ali, não há bússola que a possa nortear. O que parece ser uma lágrima escorrendo é, na verdade, uma gota de suor adquirida junto aos calos nas mãos, no calor da tarde que ferve. Quente somos
nós, ou deveríamos ser, deveríamos queimar como fogos de artifícios e esquecer os bocejos e chavões, frio somos nós, normais e lúcidos somos nós, calejados somos nós, estúpidos somos nós. Aqueles que enxergam entre as paredes, vêem tristeza no sofá da sala, vêem o suor se transformar em lágrimas  e os calos suplicarem aos céus, rezando a qualquer que seja o Deus escolhido, implorando por piedade e misericórdia, entre as paredes se vê as verdades escondidas nas faces maquiadas de vergonha e falsas dignidades, entre as paredes se vê tudo aquilo que se quer esconder. 

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Eu vejo gente morta!

Finalmente começo a entender um pouco mais sobre a vida e busco uma maneira de me manter vivo, não só em corpo como também em alma. Ao ver as pessoas nas ruas sinto que entregaram suas vidas a uma ignorância dos sentidos, da percepção. Vivem em busca de um objetivo; acumular riquezas, e para isso acumulam angústias, que os consomem tal como uma teia. Enredados, acreditam que estão no caminho certo, quando na verdade caminham a passos largos no sentido da morte, o sistema os pega pelas mãos e os conduz ligeiramente sobre o caminho da ignorância. O sistema não aceita os marginais, quem vive as margens da sociedade estará fadado ao repúdio da mesma, mas em troca ganhará a vida. O estado nos fez acreditar que temos que alcançar alguns objetivos para sermos felizes, quando na verdade nosso único objetivo é ser feliz. Já está na hora de voltarmos a celebrar a "não-conformidade", pois tudo está errado, libertar nossa criatividade que hoje está aprisionada pelas leis obtidas como padrões da sociedade, a nossa verdade é algo triste, convivemos diariamente com o sofrimento, com as angústias do dia-dia, apenas por não conseguirmos identificar ao certo o que realmente nos faz feliz, então acreditamos em qualquer coisa que nos dizem: tenha um bom carro, uma boa casa, boas roupas, mas para tudo isso; sofra todos os dias, mas sofra feliz, entregue sua vida a alguém que fará bom proveito dela, enfim, siga a tradição e perca sua dignidade. Certa vez li algo que falava sobre o repúdio que Nietzsche tinha em relação aos eruditos, no primeiro momento me contrariei, afinal ser um intelectual deveria ser algo maravilhoso, só agora entendo o que na verdade significava esse sentimento do filósofo alemão: colocar a razão acima dos outros sentidos é uma afronta à existência humana, o conhecimento das coisas não nos deixa mais sábios. A existência é feita de ser e não de ter, e o que nos resta na procura da felicidade é utilizarmos o nosso conhecimento em prol da vida, "conhecimento sem paixão seria castrar a inteligência". Tento resistir arduamente ao caminho que querem me levar, embora ande por ele, minha alma ainda está vida, sei que nunca serei feliz servindo ao estado, minha felicidade está dentro daquilo que acredito, em um mundo livre, e me apoio nos escritores e poetas que gosto para isso, aqueles que trazem luz para iluminar essa triste estrada, Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Bob Dylan, Henry Thoreau, serei eternamente grato pela inspiração e conhecimento da vida.

domingo, 14 de abril de 2013

Teatro

Eu estou aqui, diante de todos, como em um teatro, enceno para um platéia que não escolhi, nem ao menos os convidei, são apenas intrusos que insistem em estragar o roteiro, mudar minhas falas, minhas músicas e fotografias. Não quero aplausos, guardem suas mãos sujas; não há nada aqui que os interessem. Espero que entendam, pois já está na hora de fechar as cortinas e mudar de platéia.

sábado, 29 de setembro de 2012

O ritmo da vida.

Cada passo para frente que damos, são várias vidas que deixamos para trás. São pessoas e lugares que deixamos de conhecer, sorrisos que deixamos de sorrir, lágrimas que deixamos de chorar, momentos que deixamos de presenciar. São tantos os caminhos e o mais excitante é saber que na verdade não sabemos nada, vivemos para ser os melhores em tudo, quando na verdade não sabemos o que é o melhor, esperamos por aprovação quando na verdade não há ninguém para nos aprovar, a não ser você mesmo. Se ficássemos parados talvez conseguíssemos viver todas as vidas possíveis, ou pelo menos ver ela passando em um ritmo acelerado pelo nosso lado, a maldita tem passos largos, feliz daquele que consegue os acompanhar, triste daquele que não tem coragem para caminhar, esses vivem como se já estivessem mortos, inertes sob a batuta de seus medos.
A vida é como andar de bicicleta. Para ter equilíbrio você precisa estar em movimento.
dizia Albert Einsten. Movimentar-se é preciso, digo eu. Esqueça os movimentos calculados, calcular algo que não se entende é perda de tempo, apenas movimente-se em busca de mudanças, esqueça também as previsões e prognósticos, esqueça os conselhos, esses são a forma de tentar transformar a sua vida na vida de alguém. Apenas tente, quebre a cara, mas tenha a certeza de você se movimentou, pois quem define o ritmo que a sua vida anda é você mesmo.

sábado, 26 de maio de 2012

A madrugada

Período do dia que eu não aprendi a lidar, deve ser por que ainda não aprendi a conviver com meus pensamentos, e agora estamos aqui, na penumbra, somente eu e eles, me martelam a alma impiedosamente, implorando por decisões, por atitudes, o melhor seria ter aqui comigo alguma droga alucinógena que os ludibriassem, que fizessem com que esqueçam que há em mim responsabilidades, esqueçam por algum momento quem sou e lembrem-se de quem fui. Pois um tive em mim a inocência, perdida ao longo do tempo, esvaída como fumaça, sobraram somente lembranças de um tempo bom, em que vida corria lentamente, corria atrás de uma bola. Hoje aposto corrida com o que mais detesto, com fracassados de espírito, sempre perco, convenço-me de que assim é melhor, um dia todos vão entender por si mesmo, mas esse dia não chega, talvez nunca chegará, a vida não vai lhes mostrar, não vai lhes fazer entender que nascemos para ser felizes e não para acumular riquezas, felicidade nada tem a ver com isso, se assim fosse, quão medíocre seria. Escrevendo essas palavras entendi qual a minha diferença com a madrugada, são mesmo os meus pensamentos, eles são grandes demais pra mim.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Carta aberta

Ando cansado de tudo e de todos, me sinto alguém que veio de longe, que desconhece os costumes e as regras, uma peça redonda em espaços quadrados. Quanto mais pessoas tenho em minha volta, mais sozinho eu me sinto, e é assim que todos se distanciam, eu disse todos, até mesmo aqueles que estão mais próximos, é só uma questão de tempo até entenderem que só me entenderão quando entenderem que não me entendem, talvez nem eu entenda, talvez eu não queira ser entendido. Não quero aceitar as regras, não quero aceitar a mediocridade, a falta de criatividade, jamais vou permitir que aprisionem meus anseios e minhas vontades, e abomino aqueles que permitem, limitados, é isso que eu penso de vocês, medíocres, me perdoem a franqueza e a honestidade dessas linhas, não é do costume de vocês, eu entendo, mas me permita ser sincero aqui pelo menos. A minha revolta não é somente com vocês, eu estou inserido nela, afinal, já estou sendo repetitivo, afinal, estou brigando por algo que eu nem ao menos entendo, algo que eu nunca vivi, repito todos os dias que quero liberdade, mas nem ao menos sei aonde ela pode me levar. Exatamente, não faço ideia de onde a liberdade pode me levar, mas sei aonde a falta de liberdade pode me deixar... aqui, bem aqui em meio a hipocrisia, escutando o que não queria escutar, falando o que não queria falar e vendo tudo aquilo que não queria ver. Já desisti de encontrar a liberdade nas pessoas ou nas coisas, sei que somente minha imaginação pode trazê-la para mim, minha querida imaginação, o que sobretudo amo nela é o fato de não perdoares, imaginar o que queres, é uma lástima que eu não consiga colocar teus planos em prática. Tudo culpa de vocês, os criadores de regras, destruidores de sonhos, vocês contaminaram à todos com sua sanidade materialista, inclusive a mim, queria eu ser considerado um louco em meio à vocês, vitima da minha imaginação que me induz a inobservância de todas as regras, queria eu ser um desertor do império da lógica. Somente minha imaginação pode ir de encontro às barreiras sociais, que os medíocres aceitam como suas filosofias de vida, aceitam calados como se realmente tivessem escolhido aquela forma de viver, eu sei que não, assim como sua imaginação também sabe, mas ela é apenas um detalhe nas suas vidas, hipócritas, o bel prazer que lhes fora concedido se tornou obsoleto, o livre arbítrio, a liberdade de expressão são palavras esquecidas no seu mundo, o mundo que alguém escolheu pra você e você vive como se fosse seu.